terça-feira, 11 de novembro de 2014

LUISLINDA VALOIS A primeira juíza negra brasileira




LUISLINDA VALOIS A primeira juíza negra brasileira, primeira a proferir uma sentença de racismo no Brasil e a primeira Desembargadora negra do Brasil.
Luislinda Dias de Valois Santos, nasceu em Salvador na Bahia. Filha de uma lavadeira, e de um motorneiro de bonde e neta de um escravizado. Teve uma infância pobre, e com a morte precoce de sua mãe, enfrentou a juventude a ajudar a cuidar dos irmãos, o que a obrigaria a se formar advogada somente aos 39 anos de idade.
Aos 9 anos de idade, estudava o ensino primário no Colégio Duque de Caxias, no bairro da Liberdade. Foi lá que ouviu a sentença de um professor, irritado por causa de seu pobre material escolar: "Se não pode comprar é melhor parar de estudar e ir cozinhar feijoada na casa de brancos!”. Humilhada, ainda se emociona quando relembra, tomou ali uma decisão, e retrucou: “Vou é ser juíza e lhe prender”.
* "O direito a discutir o racismo é apenas do negro" (Luislinda Valois)

A primeira parte, ela cumpriu. Em 1984, a baiana Luislinda Valois Santos tornou-se a primeira juiza negra do Brasil, passou em 1º lugar em nível nacional. Não à toa, também foi quem proferiu a primeira sentença contra racismo no Brasil. Em 28 de setembro de 1993, condenou o supermercado Olhe Preço a indenizar a empregada doméstica Aíla de Jesus, acusada injustamente de furto. Aos 67 anos, lança em 2009 seu primeiro livro; 'O Negro no Século XXI'.
* "É sempre o negro o delinquente," (Luislinda Valois)
O livro é mais que um protesto, em cada parte, a autora pontua, de forma simples e direta, o processo histórico causador da desigualdade social e racial em nosso país. Dividido em 18 capítulos, a obra é um avocar para uma reflexão sobre o retorno que a sociedade tem dado ao povo negro, em vista de sua contribuição social, econômica e cultural, ao longo dos séculos. “Cada negro letrado no Brasil tem a obrigação de sistematizar as suas próprias lembranças. A experiência de cada um é um trecho da realidade vivida” (Ubiratan).
* "Parece que somos iguais , mas só somos iguais na constituição brasileira e nas constituições estaduais . Mas no dia -a-dia , nos cargos e nas oportunidades não somos iguais a ninguém, só somos iguais aos leigos, única e exclusivamente" (Luislinda Valois)
Apesar de juíza e escritora, Luislinda não foi poupada de sofrer racismos em sua vida, o que só comprova que o racismo no Brasil é racial, independente de sua classe social . Chegou a ser proibida de entrar em uma festa em sua própria homenagem onde aguardavam uma francesa branca e não uma negra com trançado nos cabelos.
Ao participar de um quadro final da novela 'Viver a Vida '(Globo), publicam em jornal a sua foto com a atriz Natália do Vale, onde se lê: "Natália do Vale faz carinho em sua camareira". Ainda esperou por décadas para ser promovida a Desembargadora na Bahia e ainda assim, através de decreto. Ela sempre protestou por nunca ter chegado a Desembargadora "No judiciário a porta não é nem fechada, ela é lacrada. Eu, por algum motivo tive condições de chegar, mas percebo que existe uma certa rejeição, não à minha pessoa, mas ao problema do negro", disse ela.
Luislinda Valois é também idealizadora dos Balcões de Justiça e Cidadania, do Juizado Itinerante Marítimo Baia de Todos os Santos e da Justiça Bairro a Bairro, criados com objetivo de facilitar o acesso da população carente aos serviços judiciários.



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