
Além de mim e da Dra. Vera,
integrantes da Comissão de Igualdade Racial e de Gênero da OAB/PR,
também foi convidada a aluna da faculdade de Medicina da Universidade Federal
do Paraná, Gabriela Araújo.
O evento foi um sucesso. O interesse e
a participação dos alunos em idade entre 14 a 17 anos, me surpreendeu. Atentos,
educados, não perdiam nada. Nunca imaginei encontrar adolescentes dessa idade
tão conscientes.
Mas o momento que ficará marcado na
lembrança, foi o depoimento da aluna Gabriela, negra, de família humilde, que
graças ao programa de cotas, está cursando a Faculdade Federal de Medicina do
Paraná.
Em seu relato, esclareceu, com
exemplos, a importância do programa dizendo: “ Nós, pobres, negros, que viemos
da escola pública, nunca seremos iguais aos brancos, abastados que só estudaram
em escola particular.”
“Senti a desigualdade na pele quando
cheguei pra fazer o vestibular e vi alunos de uma escola particular usando uma
camiseta que dizia: “ Sou Positivo, a vaga é minha.”
Relatou também a aluna a discriminação
que está sofrendo, por parte dos alunos “brancos”, por ter conseguido a vaga em
razão da política de cotas. No entanto, disse que os “cotistas têm melhor
desempenho porque agarram, com toda a força, a oportunidade que estão tendo”.
Eu, por minha vez, lembrei que os
brancos já tiveram mais de 400 anos de vantagem e que por muito tempo não
disputaram vaga com negros porque estes, na condição de escravos e depois de
escravos libertos, eram proibidos de estudar.
O sistema de cotas foi implementado
para reparar anos de política do governo, que durante a escravidão, afetaram os
negros e que se reflete negativamente até hoje. É sim um reparo, necessário,
pelos longos anos de injustiça praticados!
Parabéns ao Colégio Estadual Protásio
de Carvalho. Cidadania se aprende na escola.
Curitiba (PR), 20 de novembro 2014.
Dylla Aparecida Gomes de Oliveira, advogada, integrante da Comissão de Igualdade Racial e de Gênero da OAB/PR.
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