segunda-feira, 3 de novembro de 2014
às 15h15
Brasília – “Somos um só Brasil. Queremos uma nação
de iguais. O fim do racismo e do preconceito, não admitindo a intolerância e a
discriminação, são fundamentais para a construção de uma sociedade justa,
solidária e fraterna”, afirmou nesta segunda-feira (3) o presidente nacional da
OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, durante a sessão plenária que aprovou a
criação da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil. Também
foi aprovado novembro como mês da consciência negra para a advocacia.
A comissão terá como funções o resgate histórico
desse período, a aferição de responsabilidades e a demonstração da importância
das ações de afirmação como meio de reparação à população negra. O plenário da
OAB aprovou também o encaminhamento de sugestão do governo federal para que
crie comissão semelhante, para atuar nos moldes do que faz hoje em dia o grupo
que apura os crimes cometidos durante a ditadura militar.
Marcus Vinicius apresentou números que mostram a
inserção da população negra na advocacia. “Nos últimos dois anos, 39 mil
advogados negros adentraram os quadros da Ordem. Somos uma categoria
representada por um contingente importante numericamente e de qualidade de
profissionais negros, que ajudam a construir a advocacia do nosso país”, disse.
“Através desse ato estamos fazendo história não
somente na OAB e na advocacia, mas na sociedade deste país, inaugurando e
alicerçando a criação da Comissão da Verdade contra todos os crimes praticados
com preconceito racial. Todos esses crimes devem ser apurados com mais rigor”,
afirmou Cícero Bordalo Jr., presidente da Comissão Nacional da Promoção da
Igualdade e que também presidirá os trabalhos da nova comissão.
Vice-presidente da Comissão Nacional da Promoção da
Igualdade e também da nova comissão, Humberto Adami afirmou que a OAB entra
para a história com a criação da comissão sobre escravidão. “Estamos fazendo
história hoje. A criação dessa comissão é um importante passo dentro de uma
grande história. Buscar saber o que aconteceu colocará o Brasil de frente para
si mesmo, onde hoje existem cidadãos de duas categorias”, afirmou Adami, que
defendeu também a criação de um fundo de reparação no contexto da comissão que
apurará a escravidão.
O conselheiro federal César Augusto Moreno (PR) foi
o relator do processo de alteração de provimento para a criação da nova
Comissão e afirmou que “a OAB está junta para criar um país mais justo e
igualitário”. “Precisamos identificar e expor os fatos da escravidão para que a
sociedade se livre das sombras do passado e possa ser reparado. Desta forma,
esperamos que a sociedade possa se congraçar em um estilo de vida multirracial,
com reflexão sobre o passado, as conquistas, a inserção e o papel do negro na
nossa história”, concluiu em seu voto.
A votação que criou a Comissão da Verdade da
Escravidão no Brasil foi acompanhada por representantes de diversas entidades
da sociedade civil que lutam pelos direitos da população negra e quilombola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário