terça-feira, 28 de outubro de 2014

Disputa acirrada eleva a tensão e preconceito na internet



Rogerio Waldrigues Galindo - Jornalista Gazeta do Povo 

Via Gazeta do Povo 

A suposta “divisão” do país em duas metades, que teria sido revelada pela disputa apertada entre Dilma Rousseff (PT) e Aé
cio Neves (PSDB), foi motivo de discussões acaloradas e até mesmo de demonstrações de preconceito nas redes sociais desde o anúncio do resultado das urnas. Eleitores decepcionados com a reeleição da presidente responsabilizavam nordestinos, pobres e beneficiários do Bolsa Família pela escolha que consideravam “errada”. Os mais extremados chegaram a falar em deixar o Brasil ou em dividir o país em dois, afirmando que os eleitores do Sudeste e do Sul tomariam decisões melhores.
Para cientistas políticos, a revolta dos eleitores tem a ver com o fato de a disputa ser muito acirrada e com uma dificuldade de compreensão dos motivos que levam as pessoas a votar como votam. Segundo Fernando Azevedo, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desde 2006 a eleição no Brasil tem sido profundamente marcada por um voto “retrospectivo e econômico”. “O sujeito olha a sua vida antes e depois e julga se o governo melhorou algo para ele”, afirma.
De acordo com o estudo publicado por Azevedo sobre as eleições mais recentes do país, até 2002 os presidentes se elegeram com um voto mais homogêneo: tanto Fernando Henrique Cardoso quanto Lula em sua primeira vitória tiveram votos de todas as classes sociais. Depois, com a aposta do governo em políticas de melhoria das condições de vida dos mais pobres, veio uma clivagem econômica: os mais pobres se tornaram, em sua maioria, governistas.
Para Renato Perissinoto, professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o preconceito com o voto dos mais pobres surge não só pela incapacidade de algumas pessoas de se colocar no lugar de quem votou diferente delas, mas também pelo fato de o governo petista ter investido muito mais nas classes mais pobres do que na classe média. “Houve melhorias mais sensíveis nas condições de vida de quem tinha menos, até porque é mais fácil causar mudanças quando a situação é muito ruim”, diz. Para Perissinoto, Dilma terá de fazer reformas que agradem à classe média para mitigar essa insatisfação.
Separatismo
Para especialistas em Direito, muitos internautas ultrapassaram não só os limites da ética, mas chegaram a cometer crimes em seu “desabafo”. Além de incursões em racismo ou preconceito de classe, alguns sugeriram a divisão do país, o que vai contra a Constituição e é considerado crime. “A Lei de Segurança Nacional considera isso crime”, lembra Mesael Caetano dos Santos, da Comissão de Igualdade Racial e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Paraná.


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