Rogerio Waldrigues Galindo - Jornalista Gazeta do Povo
Via Gazeta do Povo
A suposta “divisão” do país em duas metades, que teria sido
revelada pela disputa apertada entre Dilma Rousseff (PT) e Aé
cio Neves (PSDB),
foi motivo de discussões acaloradas e até mesmo de demonstrações de preconceito
nas redes sociais desde o anúncio do resultado das urnas. Eleitores
decepcionados com a reeleição da presidente responsabilizavam nordestinos,
pobres e beneficiários do Bolsa Família pela escolha que consideravam “errada”.
Os mais extremados chegaram a falar em deixar o Brasil ou em dividir o país em
dois, afirmando que os eleitores do Sudeste e do Sul tomariam decisões
melhores.
Para cientistas políticos, a revolta dos eleitores tem a ver com o
fato de a disputa ser muito acirrada e com uma dificuldade de compreensão dos
motivos que levam as pessoas a votar como votam. Segundo Fernando Azevedo,
professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desde 2006 a eleição
no Brasil tem sido profundamente marcada por um voto “retrospectivo e
econômico”. “O sujeito olha a sua vida antes e depois e julga se o governo
melhorou algo para ele”, afirma.
De acordo com o estudo publicado por Azevedo sobre as eleições
mais recentes do país, até 2002 os presidentes se elegeram com um voto mais
homogêneo: tanto Fernando Henrique Cardoso quanto Lula em sua primeira vitória
tiveram votos de todas as classes sociais. Depois, com a aposta do governo em
políticas de melhoria das condições de vida dos mais pobres, veio uma clivagem
econômica: os mais pobres se tornaram, em sua maioria, governistas.
Para Renato Perissinoto, professor de Ciência Política na
Universidade Federal do Paraná (UFPR), o preconceito com o voto dos mais pobres
surge não só pela incapacidade de algumas pessoas de se colocar no lugar de
quem votou diferente delas, mas também pelo fato de o governo petista ter
investido muito mais nas classes mais pobres do que na classe média. “Houve
melhorias mais sensíveis nas condições de vida de quem tinha menos, até porque
é mais fácil causar mudanças quando a situação é muito ruim”, diz. Para
Perissinoto, Dilma terá de fazer reformas que agradem à classe média para
mitigar essa insatisfação.
Separatismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário