Abdias Nascimento foi
um dos maiores ativistas pelos direitos humanos no Brasil, sendo que o seu
legado é a luta pelo povo afrodescendente brasileiro. Ele foi, além de
ativista, um grande escritor, artista plástico, teatrólogo, político e poeta,
sendo o criador do Teatro do Sentenciado (ação feita quando foi preso naPenitenciária de
Carandiru por resistir a violências racistas, em 1941). Em 1944
fundou o Teatro Experimental do Negro na cidade do Rio de Janeiro, ação que deu
início a primeira geração de atores e atrizes dramáticos negros do teatro
brasileiro, além de inspirar a literatura dramática afro-brasileira.
Dentre os eventos por
ele organizados estão o Primeiro Congresso do Negro Brasileiro (1950) e a
Convenção Nacional do Negro (1945-46) que recomendou à Assembleia Nacional
Constituinte de 1945 que desenvolvesse políticas afirmativas e a definição da
discriminação racial como crime.
A partir do Teatro
Experimental do Negro, Abdias do Nascimento assumiu em 1950 o projeto Museu de Arte Negra, sob sua
curadoria, sendo que a primeira exposição ocorreu em 1968 no Museu da Imagem e
do Som do Rio de Janeiro. Após isso, Abdias Nascimento fez uma viagem aos
Estados Unidos para reunir-se com o movimento negro norte-americano. Neste
momento, quando ele estava na cidade de Nova York, foi promulgado o Ato
Institucional n. 5 (AI-5). Isto fez com que ele estivesse no centro de
Inquéritos Policial-Militares, o que o obrigou a permanecer no exterior. Neste
período de exílio, Abdias Nascimento lecionou em várias universidades e ampliou
sua atuação como artista plástico, pintando telas que conduzem "aos
valores da civilização africana, da cultura religiosa afro-brasileira e da luta
pelos direitos humanos dos povos africanos em todo o mundo", bem como
acirrou o seu trabalho artístico na luta pelos direitos humanos dos povos
africanos em todo o mundo.
Depois de 12 anos
exilado, Abdias Nascimento voltou para o Brasil e participou do processo de
redemocratização do país auxiliando a fundar o Partido Democrático Trabalhista
(PDT) junto com Leonel Brizola. Isso deu início a sua vida política, sendo que
1983 apresentou a primeira proposta de legislação instituindo políticas
públicas afirmativas de igualdade racial. Esta foi sua bandeira de luta até
1999, enquanto senador e como titular fundador da Seafro (Secretaria de Defesa
e Promoção da População Afro-Brasileira) e da Secretaria de Direitos Humanos e
Cidadania do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Abdias Nascimento
recebeu prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Mundial Herança
Africana do Centro Schomburg para Pesquisa da Cultura Negra, Biblioteca Pública
de Nova York (2001); o Prêmio Toussaint Louverture (2004) e o Prêmio Direitos
Humanos e Cultura da Paz (1997), ambos da Unesco; e o Prêmio de Direitos
Humanos da ONU (2003). Quando da 2ª Conferência Mundial de Intelectuais
Africanos e da Diáspora (2006), ação da União Africana e do Governo Brasileiro,
o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe entregou a mais alta honraria
concedida pelo Governo do Brasil: a Ordem do Rio Branco no grau de Comendador.
Em 2009, recebeu o
Prêmio de Direitos Humanos na categoria Igualdade Racial da Secretaria Especial
de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil. Além disso, Abdias
foi professor Emérito da Universidade do Estado de Nova York e Doutor Honoris
Causa pelas Universidades de Brasília, Universidade Federal da Bahia,
Universidade Estadual da Bahia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e
Universidade Obafemi Awolowo da Nigéria.
Em 2010, Abdias
Nascimento foi oficialmente indicado ao
Prêmio Nobel da Paz , em função de sua defesa dos direitos
civis e humanos dos afrodescendentes no Brasil e no mundo. Em 23 de maio de
2011, Abdias do Nascimento faleceu na cidade do Rio de Janeiro. Suas cinzas
foram depositadas na Serra da Barriga/Alagoas, local histórico da luta pela
liberdade dos africanos e onde, em vida, ele manifestou desejo de ser
enterrado.
A sua vida e obra
podem ser mais bem conhecidas no sítio do IPEAFRO ou no sítio
dedicado ao intelectual Abdias do Nascimento.
Em 2013, como parte
de suas políticas de Ações Afirmativas, o Ministério da Educação lançou o
Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, que objetiva oferecer
formação e capacitação a estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas e
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades em universidades, instituições de ensino superior e centros de
pesquisa de excelência no Brasil e no exterior. Entre as ações do programa
estão a concessão de bolsas de estudos, o auxílio na mobilidade internacional
de estudantes e pesquisadores e a criação de canais de cooperação entre grupos
de pesquisa brasileiros e estrangeiros.
Em 2014, Abdias do
Nascimento também foi homenageado no Prêmio Curta Histórias – 2014 que teve
como tema da edição "Personalidades Negras
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