por Jamil Chade l
Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução/Facebook
O racismo no Brasil é "estrutural e institucionalizado" e
"permeia todas as áreas da vida". A conclusão é da Organização das
Nações Unidas (ONU), que publicou nesta sexta-feira (12) seu informe sobre a
situação da discriminação racial no País. No documento, os peritos concluem que
o "mito da democracia racial" ainda existe na sociedade brasileira e
que parte substancial dela ainda "nega a existência do racismo". A
publicação do informe coincide com a volta do debate sobre o racismo no Brasil
por causa da expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por atos de sua torcida
contra o goleiro negro do Santos, Aranha. Nesta semana, Pelé também causou
polêmica ao minimizar o problema. Mas as constatações dos peritos da ONU,
que visitaram o Brasil entre os dias 4 e 14 de dezembro de 2013, são claras: os
negros no País são os que mais são assassinados, são os que têm menor
escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde,
são os que morrem mais cedo e têm a menor participação no Produto Interno Bruto
(PIB). No entanto, são os que mais lotam as prisões e os que menos ocupam
postos nos governos. Para a entidade, um dos maiores obstáculos para lidar
com o problema é que "muitos acadêmicos nacionais e internacionais e
atores ainda subscrevem ao mito da democracia racial". Para a ONU, isso é
"frequentemente usado por políticos conservadores para descreditar ações
afirmativas". "O Brasil não pode mais ser chamado de uma
democracia racial e alguns órgãos do Estado são caracterizados por um racismo
institucional, nos quais as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como
normais", destacou a ONU. A entidade sugere que se "desconstrua
a ideologia do branqueamento que continua a afetar as mentalidades de uma
porção significativa da sociedade". Mas falta dinheiro, segundo a
ONU, para que o sistema educativo reforce aulas de história da população
afro-brasileira, um dos mecanismos mais eficientes para combater o "mito
da democracia racial".
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