Não existem verdades absolutas em ciências, é o que caracteriza o Pensamento
Quântico em relação ao Clássico. Assim, surge a ciência como uma possibilidade
probabilística, fruto do fazer humano.
Desde
as primeiras décadas do século XX a Mecânica Quântica vêm derrubando a
newtoniana e cartesiana exatidão existente nas ciências, quando compreende-se
que o observador faz toda diferença no efeito observado, incluindo a mecânica
existente nos sistemas vivos e sociais. Como se expressou Werner Heisenberg
(1971), um dos fundadores da teoria quântica, o mundo aparece assim como um
tecido de eventos, no qual conexões de
diferentes tipos se alternam, se sobrepõem ou se combinam e, por meio disso,
determinam a textura do todo.
No
formalismo da teoria quântica, essas relações são expressas em termos de
probabilidades, nunca em exatidão, e essas probabilidades são determinadas pela
dinâmica do sistema todo. Nas palavras de Heisenberg (1971), o que observamos
não é a natureza em si, mas a natureza exposta ao nosso método particular de
questionamento. Esse princípio filosófico aplicado à ciência traz a importância
da interpretação pessoal na busca pelas verdades científicas. Assim, Descartes
(séc. XVII)escreveu em
seu célebre Discurso sobre o Método que quando as ciências tomam emprestadas da
filosofia seus princípios, pondera-se que nada de sólido podia ser construído
sobre tais fundamentos movediços.
Trezentos
anos depois, Heisenberg (1971) escreveu em seu Física e Filosofia que próprio
edifício que Descartes construíra estava se movendo: a reação violenta diante
do recente desenvolvimento da ciência moderna só pode ser entendida quando se
compreende que aqui os fundamentos desta ciência começaram a se mover, e que
esse movimento causou a sensação de que o solo seria retirado de debaixo da
ciência. Einstein (1953), em sua autobiografia, descreveu seus sentimentos em
termos muito semelhantes aos de Heisenberg quando mencionou que como se o solo
fosse puxado de debaixo dos pés, sem nenhum fundamento firme à vista em lugar
algum sobre o qual se pudesse edificar.
A
relevância da investigação das concepções de Heisenberg sobre ciência
justifica-se pelo caráter inovador, elucidativo e contextualizado das suas
abordagens científicas e filosóficas. Heisenberg (in Blum,1984) foi um autor
profícuo na produção deescritos fundamentais
para a compreensão do conhecimento cientificamente elaborado e historicamente
construído. Para ele (1996), a ciência é um produto eminentemente humano e por
isso mesmo pode ser submetida às investigações e análises interpretativas, em
consonância com a existência de um projeto prévio decorrentes das observações
da própria natureza.
Referências:
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