Por Miriam
Ilza Santana
A importância social das mulheres enquanto
seres que pensam foi e permanece sendo um desafio para que haja um equilíbrio
no relacionamento homem/mulher.
Na
grade curricular escolar ou universitária pouco se nota a participação de
mulheres que tenham se notabilizado como filósofas.
Na
maioria das pesquisas realizadas falta uma alusão a respeito de dados sobre a
vida e obras de pensadoras, o que nos leva a concluir que há uma certa
depreciação em relação ao trabalho científico das mulheres na vida acadêmica e
sua atuação na história da constituição da sabedoria.
A mitologia grega destaca as mulheres representando-as
na figura de suas deusas: Ártemis, Atena, Afrodite, Deméter, Hera,Perséfone, Pandora e Gaia, ainda que a inteligência e o
pensamento sejam simbolizados pela deusa Minerva (variante latina da deusa
Atena), é importante realçar que esta veio ao mundo não através do corpo de sua
mãe e sim da cabeça de seu pai, Zeus, o que evidencia desde o início que a
mulher já não tinha nenhum valor.
Um dos
poucos apontamentos históricos sobre o assunto foi a criação de um núcleo de
formação intelectual somente para mulheres, educandário fundado por Safo,
poetisa de Lesbos que nasceu em 625 a.C.
O
pensamento que vigorava é o de que as mulheres somente tinham direito a um
corpo e uma mente, porém não os dois ao mesmo tempo, pois desta forma a mulher
nunca poderia gerar a razão.
- Na
visão de Pitágoras a mulher era vista como um ser que se
originou das trevas;
- Platão já detinha um pensamento diverso, as
mulheres eram tão capazes de administrar quanto o homem, pois para ele quem
governa tinha a obrigação de gerir a cidade-Estado se utilizando da razão e
para Platão as mulheres detinham a mesma razão que os homens;
- Aristóteles via
a mulher como um homem não completo, para ele todas as características herdadas
pela criança já estavam presentes no sêmen do pai, cabendo a mulher somente a
função de abrigar e fazer brotar o fruto que vinha do homem, idéia esta aceita
e propagada na Idade Média;
- Para
São Tomás de Aquino uma vez a mulher tendo sido moldada a partir das costelas
de um homem sua alma tinha a mesma importância que a do homem, para ele no céu
predomina igualdade de direitos entre os sexos, pois assim que se abandona o
corpo desaparecem as diferenças de sexo passando a ser tudo uma coisa só.
- Para
Hegel a altercação existente entre um homem e uma mulher é igual a que há entre
um animal e uma planta, sendo que o animal se identifica mais com o jeito do
homem e a planta se molda mais conforme o aspecto da mulher, pois seu progresso
é mais pacato, deixando-se levar mais pelo sentimentalismo, se estiverem no
comando o Estado corre perigo pois, segundo ele, elas não atuam de acordo com
as exigências do agrupamento de pessoas que estão governando e sim conforme seu
estado de espírito.
Todavia,
embora a discriminação sofrida pelas mulheres no caminho da filosofia é notável
que, ao longo da história da filosofia, certas mulheres se enfatizaram como
criaturas humanas que procuraram pela sabedoria e trilharam os passos da
ciência. No século XX há uma evidência especial a algumas filósofas
importantes. Dentre elas, podemos citar Hannah Arendt, Simone Weil, Edith
Stein, Mari Zambrano e Rosa Luxemburgo. Estas mulheres, contestando a ordem
patriarcal de sua época, tornaram-se filósofas admiráveisl e, sem dúvida,
colaboraram terminantemente para a constituição do conhecimento.
Diante
deste quadro apresentado, pode-se afiançar que a inferioridade da mulher é tida
como um tanto natural e invariável. Este espectro do “feminino” esteve presente
na história da filosofia e permanece como um combate singular para as mulheres
filósofas. Enquanto ser humano, a mulher é dotada de razão, mas o uso íntegro e
apropriado ainda é privativo do ser masculino.
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