Por Caroline Faria
Imagine uma universidade comandada pela Igreja, com as aulas
acontecendo em salões e, ao invés de muitos alunos jovens (alguns ainda com
espinha no rosto), um monte de senhores maduros que ainda pagam para assistir
às aulas de que necessitam. Imaginou? Assim eram as primeiras universidades.
A primeira universidade
de que se tem notícia é a de Bolonha, Itália, criada em 1150 e que funcionava
como foi descrito acima. Naquela época o conhecimento era privilégio de poucos e apenas quem
podia pagar se associava a outros interessados para contratar um professor
sobre algum dos temas das chamadas “essências universais”. Daí o nome de
“universidade”.
No
fim do século XII a universidade de Bolonha incorporou o primeiro curso de
Direito com as disciplinas de retórica, gramática e lógica.
A
segunda universidade mais antiga é a Universidade de Paris (Sorbonne), fundada
em 1214.
Fora
isso, podemos considerar também os estudiosos “livre-pensadores” como os alquimistas e
os filósofos, principalmente os gregos, como Aristóteles (384-322
a.C.) que dava aulas públicas no jardim de sua casa, o Lyceum, e que sozinhos
ou em grupos dedicavam a vida à tentativa de entender e modificar o mundo a sua
volta.
Se
os filósofos clássicos foram os responsáveis por libertar a sociedade da época
do misticismo excessivo, discutir os melhores meios de ordenar o conhecimento e
dar forma ao pensamento lógico e à ética, a Igreja, por outro lado, fez com que
o conhecimento por muito tempo se relegasse a uma tentativa de explicar o
universo (que eles ainda nem imaginavam o que seria) por meio de Deus e
corroborar o que havia sido escrito nas Sagradas Escrituras. Qualquer
manifestação que fosse contrária a isso era considerado heresia, incluindo os estudos dos alquimistas
e filósofos que por muito tempo foram perseguidos. Mas, durante o final da
Idade Média esse pensamento começou a ser questionado e logo as associações
estudantis foram adquirindo direitos.
Em
1158, os alunos de Bolonha, que eram em sua maioria estrangeiros, ganharam
imunidade contra algumas prisões, foram dispensados de pagar impostos e do
serviço militar. Na Universidade de Paris, eles eram poupados da Justiça Comum
e, conquanto não cometessem heresia ou ateísmo, só podiam ser julgados por
tribunais eclesiásticos.
Até
os campi surgiram de uma necessidade: a de
garantir a ordem e a paz. Visto que os estudantes eram, em sua maioria
estrangeiros, havia certa desconfiança, e vez ou outra acabava ocorrendo
conflitos com os moradores locais.
O
surgimento das universidades na Europa possibilitou a disseminação do pensamento crítico que acabaria por desencadear oRenascimento e,
mais tarde o Iluminismo.
No
Brasil, foi fundada em 1808, a Escola de Cirurgia da Bahia. A primeira dedicada
ao ensino superior em terras brasileiras. Mais tarde, vieram as Faculdades de
Direito, uma em São Paulo e outra em Olinda, em 1927. E, por fim, a primeira
universidade de fato (com cursos de diversas áreas), a Universidade do Rio de
Janeiro, criada em 1920.
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