Por Emerson Santiago
Recebe
o nome de ações afirmativas o conjunto medidas especiais e
temporárias, tomadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada com o objetivo de
eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo oportunidades e tratamento similar, e ainda a
compensação pelas perdas resultantes de discriminação e marginalização,
derivadas de causas raciais, étnicas, religiosas, de gênero e outras.
Em outras palavras,
as ações afirmativas são políticas de correção de desigualdades e de efetivação
de direitos. É uma tentativa de garantir a todos os segmentos excluídos, uma
participação e usufruto dos bens, riquezas e oportunidades, o direito à
cidadania, cultura, educação, trabalho digno e participação das
políticas públicas de caráter social.
A ação afirmativa se
diferencia das políticas puramente anti-discriminatórias, sendo uma ferramenta
tanto de prevenção à discriminação quanto de reparação de seus efeitos.
Políticas puramente anti-discriminatórias são um meio de repressão aos
discriminadores ou de conscientização dos indivíduos que podem vir a praticar tais atos. No debate público e
acadêmico, a ação afirmativa é geralmente entendida como uma política que
assegura o acesso dos excluídos a posições sociais importantes, dessegregando
as elites.
As ações fazem parte
da agenda política
brasileira desde a década de 1990, numa tentativa de corrigir as mazelas
sociais, por meio da inclusão e instalação da justiça, reconhecendo e
corrigindo situações de direitos negados socialmente ao longo da história. Para
atingir tais objetivos, o governo desenvolve medidas que buscam combater
discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando
a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde,
emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento
cultural.
Assim, de modo a
colocar em execução as ações afirmativas, o governo destina recursos para
pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão
sócio-econômica no passado ou no presente. Um exemplo notório e até certo ponto
polêmico de ação afirmativa é o programa de cotas para negros e
afrodescendentes nos concursos públicos, incluindo as provas para vestibular
das faculdades públicas. No Brasil, a população negra é tradicional referência
de grupo carente dentre todos, alvo de persistente discriminação racial. Desse
modo, as cotas são uma das muitas ações afirmativas
designadas para que haja uma alternativa de ascensão social para estas pessoas,
possibilitando, assim, a mudança na forma como a população enxerga
tradicionalmente tais pessoas.
Por outro lado, as
ações afirmativas também sofrem críticas, especialmente pelo modo como são
eleitos os grupos sociais que serão beneficiados, e pelo modo como se opera a
desigualdade dentro do país e como esta é interpretada. Isso traria um
privilégio a um grupo antes discriminado, contribuindo para a continuação da
desigualdade entre cidadãos de uma maneira indireta.
Bibliografia:
Grupo de Estudos
Multidisciplinares da Ação Afirmativa - GEMAA. (2011) "Ações
afirmativas". Disponível em:
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