A
Coroa Portuguesa precisava defender a região costeira de ataques alheios, porém
detinha parcos recursos financeiros e humanos para tal empreendimento. A
solução encontrada foi transferir essa empreitada para as mãos da iniciativa
privada.
Em 1534 o rei de
Portugal decidiu repartir o Brasil em lotes (15) - as capitanias
hereditárias, que iam do litoral até o limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas –, sistema já
utilizado pelo governo português na Ilha da Madeira e nos Açores,
doando-os em caráter vitalício e hereditário aos cidadãos da pequena nobreza portuguesa,
os donatários, comandantes dentro de sua capitania. Eles tinham por
obrigação governar, colonizar, resguardar e desenvolver a região com recursos
próprios.
Dessa forma, a Coroa
portuguesa pretendia ocupar o território brasileiro e torná-lo uma fonte de
lucros.
A ligação jurídica
existente entre o rei de Portugal e cada um dos donatários era fundamentada por
dois documentos capitais:
- Carta
de Doação: atribuía ao donatário a posse hereditária da
capitania, quando de sua morte seus descendentes continuavam a
administrá-la, sendo proibida a sua venda.
- Carta
foral : Estabelecia os direitos e deveres dos
donatários para com as terras.
Direitos e Deveres
dos donatários:
- Criar
um vilarejo e doar terras - as famosas sesmarias - a quem interessasse
cultivá-las. Seus sesmeiros, após dois anos de uso, passavam a ser donos
efetivos da terra.
- Desempenhar
o papel de autoridade judicial e
administrativa com plenos poderes, até mesmo autorizar a pena de morte,
caso se torne necessário.
- Escravizar
os índios, impondo-lhes o trabalho na lavoura, podendo inclusive
enviar cerca de 30 índios, anualmente, como escravos para Portugal.
- Receber
a vigésima parte dos lucros sobre o comércio do Pau-Brasil.
- O
donatário tinha a obrigação de entregar para o rei de Portugal 10% da
receita adquirida com a comercialização dos produtos da terra.
- Cabia à
Coroa portuguesa 1/5 dos metais preciosos encontrados
nas terras do donatário.
- O
direito exclusivo sobre o Pau-Brasil.
Analisando os
direitos e deveres dos donatários, conclui-se com muita facilidade que o rei de
Portugal acabava ficando com os mais rentáveis benefícios para si, enquanto os
encargos permaneciam com os donatários.
Fica claro que o
sistema de capitanias hereditárias, sob o ponto de vista dos donatários, não alcançou
o tão desejado lucro ambicionado por eles. As dificuldades para se governar as
capitanias eram incomensuráveis, os recursos financeiros eram mínimos, Portugal
encontrava-se à grande distância, sem falar nos ataques indígenas, que eram
constantes.
Somente duas
capitanias prosperaram graças à lavoura canavieira,Pernambuco e São Vicente, as
outras malograram pelos motivos acima citados. Alcançaram-se os objetivos
esperados somente do ponto de vista político, na visão da metrópole, ou seja, a
preservação das terras e sua possibilidade de exploração.
Algumas das
principais Capitanias Hereditárias:
- São
Vicente
- Santana
- Santo
Amaro e Itamaracá
- Paraíba
do Sul
- Espírito
Santo
- Porto
Seguro
- Ilhéus
- Bahia
- Pernambuco
- Ceará
A hereditariedade foi
abolida em 1759, por Marquês de Pombal.
As capitanias existiram até 28 de fevereiro de 1821. Conforme iam malogrando,
retornavam para o governo português, o qual alterava suas dimensões, conferindo
novos contornos para as províncias de Portugal que faziam limite com o Oceano Atlântico. Estavam moldados os atuais
estados litorâneos.
Portugal, ao
compreender os riscos que corria seu projeto colonizador, decidiu que era
melhor centralizar o governo do Brasil nas mãos de uma única pessoa. Em 1548
enviou o nosso primeiro governador-geral – Tomé de Sousa.
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